Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), referente ao período de 2022 a 2023, revelam mudanças significativas nas condições de infraestrutura do Rio Grande do Norte. O estudo, realizado com uma amostra de cerca de 168 mil domicílios, tem como foco o impacto das características socioeconômicas e demográficas nos hábitos e condições de vida dos brasileiros.
Entre as principais mudanças observadas, destaca-se o aumento na proporção de domicílios urbanos com esgotamento sanitário ligado à rede geral, que passou de 32,4% para 37,6%. Esse crescimento também se refletiu na zona rural, onde a porcentagem de domicílios com esgoto ligado à rede pluvial ou geral saltou de 2,3% para 7,1%. Apesar dos avanços, o uso de fossas sépticas não ligadas à rede aumentou nas áreas rurais, demonstrando que as disparidades entre o meio urbano e rural ainda são expressivas.
Em relação ao abastecimento de água, o Rio Grande do Norte apresentou uma leve melhoria na zona rural, com a frequência diária de abastecimento saltando de 43% para 51,3%. Já na zona urbana, a taxa se manteve estável, passando de 68,9% para 68,5%. No entanto, a região continua enfrentando desafios, com uma queda no abastecimento de 4 a 6 dias tanto na área urbana quanto rural. Essas mudanças indicam uma leve melhoria, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido para assegurar o acesso contínuo à água e saneamento básico para toda a população.
Outro ponto de destaque foi a gestão do lixo no estado. De 2022 para 2023, houve uma diminuição na coleta de lixo direto nos domicílios urbanos, caindo de 97,7% para 90%. Em contrapartida, houve um aumento considerável na coleta realizada por caçambas, que passou de 2,2% para 9,4%. Na zona rural, a coleta direta também cresceu, embora o destino de “queimado” tenha caído de 49,7% para 44%, indicando uma mudança nos métodos de descarte, mas ainda com limitações.
As características das construções no estado também mudaram entre 2022 e 2023. O uso de materiais como cerâmica, lajota ou pedra para revestir pisos se intensificou, com o Rio Grande do Norte destacando-se, especialmente nas áreas metropolitanas de Natal, onde o uso desses materiais aumentou. Enquanto isso, o uso de madeira apropriada para revestimento de pisos e paredes manteve-se estável.
Esses dados fornecem um panorama das melhorias e desafios enfrentados pelo estado, revelando não apenas os avanços nas áreas urbanas, mas também destacando a necessidade urgente de políticas públicas focadas na igualdade de acesso aos serviços essenciais para as zonas rurais. A discrepância entre as áreas urbanas e rurais no acesso a serviços como saneamento, abastecimento de água e coleta de lixo evidencia as desigualdades persistentes e os obstáculos a serem superados nas próximas décadas. O cenário de 2023, embora mostre alguns avanços, reforça a urgência de soluções mais eficazes e equitativas para a população potiguar.