Desde a infância, a educação foi o caminho traçado pelo jovem pesquisador Gustavo Freire, de 26 anos. Filho de professora e inspirado pelas histórias de seus antepassados, foi incentivado por familiares sobre a importância do conhecimento e das transformações sociais que a educação poderia lhe proporcionar.
Seguindo os ensinamentos de seu avô – um agricultor analfabeto, mas visionário sobre o valor da educação -, Gustavo absorveu as lições transmitidas por sua mãe.
“Minha mãe conta que o pai dela, um agricultor analfabeto, sempre incentivou os filhos a estudar, guardando as lamparinas para as semanas de provas e fazendo com que buscassem a educação. Cresci com essas histórias e entendendo que para pessoas como eu, a educação é a única forma de mudança de vida”, comenta.
O estudante destaca que sempre teve inclinação para os estudos, fruto dos incentivos da família e da figura marcante do avô. “Eu colhi os frutos das sementes que ele plantou”, diz.
A trajetória acadêmica de Gustavo começou com a escolha “não tão glamourosa” para alguns, mas apaixonante para ele: a graduação em História na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Contrariando as expectativas, a dedicação do jovem durante os anos de estudos foi um mergulho no mundo da pesquisa e do ensino, passando a se desenvolver como pesquisador sobre as relações étnicos-raciais no campo das ciências humanas e historiografia.
“Na UFRN, fui bolsista de pesquisa, de extensão e de ensino por muito tempo, sempre focando em ensino de história e das relações étnico-raciais. Foi assim que cheguei até o projeto de mestrado que submeti para o Programa de Pós-graduação em História da UFBA e da UFPE. Fui aprovado nos dois em primeiro lugar e acabei escolhendo a UFBA em Salvador”, conta.
Finalizando o mestrado, os sonhos de Gustavo não se firmaram somente no sol e no mar de Salvador – a baianidade lhe permitiu, também, traçar novos caminhos: tentar o doutorado na Harvard University em Cambridge, Estado de Massachusetts, nos Estados Unidos.
Ele compartilha que, para o processo de aprovação, precisou de três cartas de recomendação de ex-professores, uma amostra original de escrita com os últimos resultados de pesquisa, além de uma carta de intenções, os históricos da graduação e do mestrado e o exame de proficiência em língua inglesa, o TOEFL.
Gustavo comenta que os resultados sairiam em meados de março. Durante os dias, insônia e ansiedade acompanhavam o processo. “Era madrugada e eu estava com insônia. Resolvi olhar meu e-mail nessa madrugada por acaso, lá estava o e-mail de aprovação enviado pelo coordenador de alunos de pós-graduação. Imediatamente liguei e acordei minha mãe e nós dois ficamos sem dormir. A emoção foi muito grande, agradeci aos meus orixás”, compartilha.
Já aprovado no doutorado em Harvard, o pesquisador vai aprofundar seus conhecimentos no programa sobre Estudos Africanos e Afro Americanos, com ênfase em História.
Gustavo acredita que sua aprovação representa uma vitória pessoal e coletiva, ressaltando como isso pode transformar a própria realidade, como também de outras pessoas que diariamente apostam seus sonhos na educação.
“Para pessoas como eu, negros, LGBTs, interioranos, entendermos que a educação é sim capaz de transformar nossas realidades e que nós produzimos conhecimento de ponta. Nós não somos menos capacitados, pelo contrário. É hora de disputar novas epistemologias a partir de nós mesmos, do nosso mundo. A minha aprovação representa exatamente isso: a possibilidade de construir novas narrativas que ajudem a transformar a realidade de desigualdade e exclusão”, finaliza.
Como forma de concretizar a realização do sonho, Gustavo Freire lançou uma vaquinha virtual nas redes sociais intitulada “Me ajude a chegar em Harvard!” – ele viaja no final de agosto deste ano. Saiba como ajudar através deste link de acesso.
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