Não basta ser inteligente, ter determinação e ser resiliente. Essas são características fundamentais para transformar a vida através da educação. Flávia nasceu em Severiano Melo e foi criada pelo pai, seu Francisco, mais conhecido por Kacemiro, e por sua avó dona Neuza. Os dois nunca tiveram condições de estudar, e talvez por serem analfabetos se empenharam muito na educação da filha mais velha.
As notas na Escola Estadual Severiano Melo já eram boas, mas certamente os professores não poderiam imaginar que a expressão ‘quem tem boca vai a Roma’ poderia fazer tanto sentido para uma estudante de Severiano Melo.
A história de Flávia já se diferencia da maioria porque ela conseguiu se formar numa universidade – a primeira da família a conseguir este feito. Ela se formou na Ufersa – o que ela garante, foi o maior orgulho da vida dos pais. Mas bater asas é uma das coisas favoritas da pesquisadora potiguar. O mestrado com estágio em Portugal, a credenciou para a nova aventura que vive hoje em Roma.
Quando venceu uma bolsa de estudo na Europa, sabia que não seria fácil. Mas ela trazia muita coisa na bagagem. Quem cresce em Severiano Melo certamente sabe das dificuldades enfrentadas pelos agricultores: a combinação de pouca chuva, solo mal cuidado, manejo inadequado fazem a vida de quem depende da terra um jogo de sorte.
Flávia hoje pesquisa em Roma como melhorar a vida dos amigos, primos, que deixou em oeste potiguar. As 5 horas de fuso horário e os mais de 7.300 quilômetros de distância – entre Severiano Melo e Roma – não impedem que cada gota de suor em Roma não seja para melhorar a vida do nosso estado.
“Os resultados da minha pesquisa têm implicações importantes para os produtores e agricultores da região semiárida do Brasil. (…) O objetivo é melhorar os parâmetros fisiológicos do solo e mitigar os efeitos negativos da restrição hídrica nas culturas e estimular a produção agrícola local de forma sustentável”, disse Flávia.
Barachel em Ecologia e Mestre em Ambiente, Tecnologia e Sociedade, a pesquisadora conseguiu uma bolsa de estudos e um estágio profissional na Agência Nacional de Novas Tecnologias, Energia e Desenvolvimento Econômico Sustentável (ENEA) do Instituto Italo Latino Americano (IILA), em Roma na Itália.
A bolsa de 6 meses se encerra no final de setembro, mas Flávia pretende continuar os estudos. “Após a bolsa meus planos agora é seguir para o doutorado na área da minha bolsa de pesquisa aqui no ENEA”, conta.
Você precisa fazer login para comentar.