Por Rafaela Lúcio
No Nordeste, a cebola é uma cultura presente durante todo o ano, com maior concentração de plantio entre janeiro e março. A produtividade média regional é de 20 toneladas por hectare, ligeiramente superior à média nacional de 19,6 toneladas, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar desse cenário promissor, os produtores de Baraúna estão enfrentando dificuldades na safra de 2024 devido ao excesso de produção e à queda nos preços de mercado.
De acordo com o agricultor Rosineudo Araújo, a expectativa inicial era de que a escassez de sementes impulsionaria o preço da cebola. Essa perspectiva levou muitos produtores a ampliar suas áreas de plantio. “Disseram que não ia ter sementes de cebola este ano, que seria uma quantidade pouca. Todos os produtores caíram nessa e decidiram plantar cebola. Ano passado plantei pouca cebola, mas este ano aumentei a área pensando em um bom lucro”, relata Rosineudo.
No entanto, o cenário mudou com uma produção elevada que ultrapassou a demanda do mercado. “A produção veio, mas, com a oferta elevada, os preços despencaram. A cebola que já foi vendida por até 70 reais o saco de 20 quilos, hoje está sendo comercializada entre 13 e 15 reais”, lamenta o agricultor.
No terreno onde Rosineudo e seu irmão trabalham, há cerca de 7 mil sacos de cebola, cada um com 20 quilos, acumulados sem comprador. Além disso, ele compartilhou a história de seu tio, que perdeu uma carga inteira de cebola ao aguardar uma valorização nos preços que nunca aconteceu.
Embora tenha conseguido cobrir os custos de produção, Rosineudo destaca a dificuldade enfrentada pelos pequenos produtores. “A cebola é de ótima qualidade, mas o desperdício está acontecendo devido à grande quantidade de cebola produzida em várias localidades. Isso reduziu muito o preço e gerou enormes prejuízos”, explica.
Com a safra atual terminando de forma desafiadora, a esperança dos produtores está voltada para a próxima safra, prevista para dezembro. “A expectativa é que seja melhor e mais lucrativa”, diz Rosineudo. Ele ressalta que a qualidade da cebola de Baraúna e da região é excelente, mas que o excesso de oferta foi determinante para a queda dos preços.
“Não é porque a cebola é ruim, pelo contrário, ela é muito boa. O problema foi a superprodução, tanto na nossa região quanto em outras. Isso derrubou o preço em todo o mercado”, conclui o agricultor.
A situação em Baraúna ilustra os desafios enfrentados por pequenos e médios agricultores em equilibrar produção e demanda, além de evidenciar a necessidade de estratégias de mercado que reduzam os impactos do desperdício e garantam maior estabilidade econômica para o setor.
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