Após a renúncia de Dom Mariano Manzana, entregue ao Vaticano no dia em que completou 75 anos, a cúria da Diocese de Mossoró aguarda agora o Papa Francisco decidir quem vai comandar a Igreja Católica na região.
A lei canônica prevê que todo bispo que completar 75 anos deve automaticamente pedir a renúncia – e em seu lugar o Santo Padre irá indicar um bispo de outra paróquia ou tornará bispo um padre com mais de 45 anos e que tenha pelo menos 10 anos de padre.
“Uma vez o Papa recebendo a carta, a Nunciatura Apostólica em Brasília que o representante oficial do Papa abre um processo declarando Mossoró sede vacante. Dom Mariano continua no cargo enquanto este processo corre. Dom Mariano é o primeiro a ser consultado, alguns padres, como o colégio de consultores que são sete padres da Diocese também, os bispos vizinhos são consultados. A pergunta é simples: você pode indicar ao Papa três nomes que possa ocupar a vaga?”, explica Padre Flávio Augusto, vigário geral da Paróquia de Santa Luzia.
Os indicados mais citados vão subindo para o topo da lista. Parece simples certo? Mas o processo pode demorar meses. E no caso de Mossoró isso pode se estender até o meio do próximo ano. Isso porque, outras dioceses estão sem bispo – e esperam este mesmo processo.
“No ‘Regional Nordeste 2’, uma divisão específica da CNBB, que é composto pelos estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, tem algumas dioceses que estão na frente, em termos de tempo: tem Salgueiro/PE, cujo bispo foi transferido para o Crato/CE; então, faz quase um ano que essa diocese está sem bispo; o arcebispo de Recife completou a idade em junho, o de Natal em maio, e ainda não teve nomeação para nenhuma dessas”, explicou o professor de teologia Francisco Cornélio.
Pela Diocese de Mossoró não ser das maiores, existe uma probabilidade maior de que um padre seja escolhido como bispo – ao invés de uma transferência. A transferência é mais provável por exemplo nos casos das Arquidioceses de Recife e de Natal.
Para o vigário geral, Padre Flávio, é difícil um nome forte surgir aqui da região. “O costume na igreja não é eleger algum bispo da própria cidade ou da própria região. A gente já sabendo disso, já começa a olhar os padres e bispos vizinhos”.
Nomes importantes
Em consulta a nomes da igreja e estudiosos, alguns nomes aparecem com maior frequência nas conversas, e podem ser apontados como nomes que serão analisados. Outros por alguns detalhes podem ser analisados de forma mais criteriosa.
- Dom Antônio Carlos
O atual bispo de Caicó poderia ser um nome a ser transferido. Ele é carioca e missionário do Sagrado Coração. Dom Antônio Carlos já exerceu atividades no Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Ocupa o cargo da diocese de Caicó desde 2014.
- Dom Francisco de Sales Alencar Batista
O atual bispo de Cajazeiras/PB assumiria a diocese de Mossoró em caso de uma transferência. Ele é um frade da Ordem dos Carmelitas, e é bispo no estado da Paraíba desde 2016. Pernambucano de nascimento atuou em serviços no estado e estudou fora do país. - Dom Edilson Soares Nobre
O bispo de Oeiras/PI tem como trunfo ser potiguar, nasceu na cidade de Touros. Ele é novo tem 57 anos e está no cargo desde 2017. É formado em filosofia e comunicação social. Foi padre em diversas cidades do Rio Grande do Norte, e ficou a frente da Paróquia de Sant’Ana no bairro de Capim Macio em Natal/RN.
Situações mais complicadas
- Dom Francisco Canindé Palhano
O bispo de Petrolina/PE já tem 73 anos, e daqui a dois vai ter que entregar a renúncia a Papa Francisco. Ele é potiguar de São José de Mipibu. Ele é da ordem beneditina, e está na diocese pernambucana desde 2018. O pouco tempo que teria em caso de uma nova transferência torna o movimento pouco provável. - Dom Magnus Henrique Lopes
Desde janeiro deste ano, Dom Magnus Henrique é bispo do Crato/CE. O pouquíssimo tempo a frente da paróquia faz com que uma transferência seja complicada. Ele tem um forte apoio, e por que não dizer, torcida dentro da diocese de Mossoró. O bispo é nascido em Assú, tem 57 anos, e é da Ordem dos Frades Menos Capuchinhos.
Mas vale lembrar que estes nomes são apenas de bispos que precisariam ser transferidos. Mas a lista de elegíveis é bem maior por que pode ser ocupada por padres – que com a ordenação episcopal se tornaria bispo.
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