Um estudo recente conduzido pelo Laboratório Sismológico (LabSis) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) revelou que o Nordeste do Brasil possui chances relevantes de ocorrência de abalos sísmicos. A pesquisa foi liderada pelo professor Aderson Farias do Nascimento, em colaboração com o pesquisador José Augusto Silva da Fonsêca e Stanislaw Lasocki, do Institute of Geophysics Polish Academy of Sciences.
A atualização dos dados sobre as fontes sísmicas no Nordeste foi realizada utilizando uma metodologia moderna, permitindo uma análise mais detalhada e precisa das informações já existentes. Segundo o professor Aderson Nascimento, o objetivo do estudo não é prever abalos ou avaliar as condições de vulnerabilidade, mas fornecer dados essenciais para a construção de infraestruturas, como pontes, que possuem um tempo útil estimado de 100 anos.
O professor Aderson destacou que o Nordeste já registrou abalos sísmicos significativos e que cidades como Dr. Severiano e João Câmara, no Rio Grande do Norte, são localidades suscetíveis a esses fenômenos. O maior tremor já registrado no estado ocorreu em novembro de 1986, em João Câmara, com uma magnitude de 5.1 na escala Richter.
“Há uma certa confusão às vezes das pessoas, isso, de certa forma, é natural. As pessoas confundem o resultado do nosso trabalho com uma previsão de terremotos e não é isso que a gente fez. Infelizmente, a sismologia não avançou ainda o suficiente em termos de metodologia para prever terremotos”, esclarece o professor.
Implicações do Estudo
Os resultados do estudo, publicado em 2 de maio, indicam que nas próximas cinco décadas, há uma probabilidade significativa de terremotos com magnitudes entre 4.7 a 5.1 na escala Richter ocorrerem no Nordeste. As regiões do lineamento Pernambuco, norte do Ceará e a bacia potiguar são algumas das áreas mais suscetíveis a abalos.
O professor Aderson Nascimento explica que, embora o Brasil continental esteja no interior de placas tectônicas, onde normalmente não se esperariam terremotos, esses eventos podem ocorrer. Ele reforça que o estudo é uma ferramenta crucial para o planejamento e gestão de obras de infraestrutura, mas não há motivo para alarmismo.
“Não existem motivos para uma preocupação excessiva nessas coisas. É simplesmente um trabalho científico que serve para balizar a forma com que a gente ocupa o nosso solo, que a gente constrói, e uma ferramenta de gestão. O que a gente faz é feito rotineiramente em vários lugares do mundo, é uma análise estatística para saber há possibilidade de haver um evento, e essa informação por si só tem muita relevância para o planejamento de obras de infraestrutura”, conclui o professor.