Nos últimos 10 anos, metade de toda área plantada de melão do Brasil foi no solo potiguar. Só no ano passado, segundo o IBGE, foram 13.775 hectares. Isso representa 57% de toda a área plantado no país em 2021.
Uma engrenagem robusta e consolidada que viu o ano de 2022 ser abalado por um fenômeno geralmente comemorado pelo homem do campo: a chuva. É que é exatamente a estiagem da região a partir do mês de junho que garante qualidade e a capacidade de se colher duas safras no mesmo ano.
Mas a nossa região teve algumas semanas de junho ainda com chuva – o que fez muitos produtores adiarem o início da safra. Isso aumenta o risco de produtividade para o ciclo da fruta.
E desde o mês de setembro o problema é outro: a falta de navios. A produção de melão do nosso estado é praticamente toda levada para a Europa por navios dos portos de Natal e Fortaleza. Mas fatores internacionais fizeram a quantidade de navios diminuir – com isso o risco de ter melão em container sem poder embarcar no porto aumenta.
As operadoras das rotas de navio alegam que existem outras rotas mais interessantes financeiramente, e por isso, existe a redução nos espaços. Então os exportadores tiveram que se adequar.
A situação fez uma das maiores exportadoras do Brasil, a Agrícola Famosa, conviver com redução de espaço nos navios, como deixar de levar o melão em containers. Eles estão levando as frutas em pallets no porão do navio.
O risco de não levar em container é que assim a fruta não vai refrigerada na temperatura ideal – isso faz perder dias em que o melão pode ficar exposto na gôndola.
O custo de um container para a Europa nesta temporada está custando cerca de 10 mil dólares, um ano atrás o mesmo container custava metade do valor. O melão está 30% mais caro em comparação com o ano passado.
Segundo o presidente da Coex, Fábio Queiroga a situação dos conteiners vem sendo um grande gargalo no transporte da produção desde o início da pandemia.
“Semana passada e nessa semana também sofremos com muitos atrasos para a coleta e poder carregar nas fazendas. E isso causa sérios transtornos para produção porque a fruta ela tem que ser embalada no momento que está apto a colher e quando não temos contêiner disponíveis. A fruta acaba ficando no galpão. Algumas vezes em condições abaixo do adequado esperando as quantidades dos contêineres pra poder embarcar”, destaca Queiroga.
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