O que acontece quando uma história real de amor entre pai e filha ganha o mundo junino? A quadrilha junina mossoroense Lume da Fogueira apostou nisso como tema em 2022.
“A última carta de amor”, temática da Lume neste ano, vai contar a história de Seu Luizinho, um nordestino muito fã de Luiz Gonzaga e das noites de São João, que um dia teve a ideia de escrever uma carta para sua filha Ana Rosa que estava prestes a nascer e esconder dentro de um disco do mestre da sanfona para que quando se tornasse moça, ela pudesse encontrar. Ana Rosa acabou perdendo o pai ainda quando criança e agora busca encontrar a carta deixada por ele.
Talvez essa história seja familiar para você, já que ela é baseada em uma situação real. Em 2022 a Lume da Fogueira fez seu tema baseado na história do potiguar Karlo Schineider. Fã dos Beatles, Schineider escreveu cartas para a filha Bárbara para que ela pudesse ler ao completar 15 anos, e as escondeu dentro de discos de vinil da banda britânica. Com a pandemia, o pai ficou desempregado e teve que se desfazer de grande parte da sua coleção de mais de 400 discos. As cartas foram junto.
Depois da morte de Karlo, a esposa dele, Alcione Araújo, lembrou a história e então começou uma saga da família e amigos para achar as cartas. Eles publicaram nas redes sociais, a busca pelas cartas viralizou e ganhou repercussão nacional, até que alguns meses depois um comprador anônimo devolveu as cartas, e no dia 04 de março deste ano, Bárbara completou 15 anos e finalmente leu as mensagens deixadas pelo pai.
Quando viu a história, Abraão Morais, coreógrafo da quadrilha, pensou automaticamente em adaptá-la para o mundo junino. “Esse tema é baseado em uma história real, quando vi tudo que aconteceu com SCHINAIDER e a história da carta que ele fez pra filha, logo pensei em fazer disso um roteiro junino. A ÚLTIMA CARTA DE AMOR, representa muita coisa”, explica Abraão.
Ao ter a ideia para o tema, a quadrilha entrou em contato com a família de Schineider e apresentou para eles. A criação do tema seguiu com a aprovação dos familiares, que ficaram emocionados com a homenagem. A responsabilidade de contar uma história tão sensível que aconteceu durante a pandemia exigiu muito trabalho. “Apesar das pessoas acharem que não, mais todo e qualquer tema requer muito estudo, por isso o meu apreço por esse, pois eu mergulhei de cabeça na história”, conta o coreógrafo.
Mas se engana quem acha que o tema acaba por ia. A quadrilha usou a história real como base, mas foram feitas adaptações para deixar tudo o mais junino possível. A ideia é realmente matar a saudade do São João depois de dois anos sem apresentações por causa da pandemia e principalmente resgatar a essência das tradições juninas.
“O nosso tema central para trazer tudo que vocês vão ver é a saudade de tudo aquilo que não vemos mais nas festas juninas nos dias de hoje. Com a evolução, algumas manifestações populares estão sendo esquecidas, aí nós queremos trazer tudo isso de volta.
Todo o trabalho de criação e dos ensaios que começaram em outubro do ano passado vai finalmente ser concretizado, e a estreia não podia ser em outro lugar do que em Mossoró. Neste sábado (11), o público vai poder conferir a primeira apresentação da quadrilha na Arena Deodete Dias, no Festival Independente de Quadrilhas Juninas que começa a partir das 19h. “A gente espera sempre que a galera goste e embarque na história conosco… Vamos estrear neste dia 11 em Mossoró e pretendemos rodar o RN todo, afinal foram dois anos sem São João”, afirma Abraão Morais.