O trap feito no Nordeste tem encontrado novas vozes, e uma delas vem soando mais alto a cada lançamento. V’Motta, artista potiguar nascido na cidade de Areia Branca, capital da Costa Branca, e criado entre a dureza da rua e o impulso de romper fronteiras, chega a Mossoró neste sábado (22) para se apresentar no Festival DoSol. O artista chega em um novo momento da carreira, mais lapidado, colecionando ouvintes nas mais diversas plataformas.
Filho sem pai, V’Motta teve sua iniciação no trap em Brasília, no Distrito Federal, mas lá “as coisas eram mais difíceis”, conta. “Não consegui gravar nada por lá pela falta de condição financeira. Quando resolvi passar 20 dias de férias em Areia Branca, através do 3emebeats, gravei minha primeira música de estúdio, que até hoje é a mais ouvida, com mais de 200 mil visualizações nas plataformas”, explica o traper.



Depois do estouro de “Balaclava”, parceria com Caio Luccas que ultrapassou a marca de 200 mil reproduções nas plataformas, o artista engrenou uma sequência que confirmou seu fôlego. “Balaclava Pt. 2”, com participação de PJ Houdini (da gravadora do Filipe Ret) e produção de 3emebeats, já soma mais de 120 mil plays só no Spotify, mantendo o nome de V’Motta em playlists como Trap Ouro e Dose Trap, vitrines importantes para quem busca consolidar território no gênero.
O alcance cresce junto: +90 mil ouvintes mensais em mais de 130 países, somando mais de 600 mil reproduções entre áudio e vídeo. Tudo isso enquanto o artista segue construindo presença física nos palcos, e não são palcos pequenos. Ele já esteve presente no Festival Mada, dividindo programação com Emicida, Djonga e Gloria Groove; passou pela turnê FRXV, de Filipe Ret; e já cruzou microfone com nomes como Matuê, Kayblack, Veigh e Teto, circulando entre Brasília, Natal e outras praças onde o trap pulsa forte. “Quando lancei ‘Preto no Topo (A Vera)’ no Instagram, pessoas que não conheço estavam me marcando e ouvindo minha música, influenciadores se identificando com os versos. Falo do Rio, SP, Bahia, Sul do país, enfim… Isso foi muito significativo, eu realmente entendi o poder da minha caneta!”, comemora V’Motta.
V’Motta começou cedo, ainda em Brasília. Subiu no palco quando muitos ainda ensaiam em quarto. “O palco me deixa muito à vontade. A cada grave do beat, a cada verso que eu falo, lembro do meu ‘eu’ do passado. Sempre fui um bon vivant de coisas surreais, sonhando com coisas diferentes das outras pessoas e desfrutando de realidades consideradas impossíveis. Até o atual momento, aquele moleque lá do passado conversa comigo, cheio de orgulho, emocionado, e isso me faz continuar.”, conta o artista.
“Quero que eles conheçam o Rio Grande do Norte não apenas como um estado do Nordeste, mas sim onde tem um artista de Trap que tem a contracorrente das desilusões. As pessoas precisam entender que é possível essa virada de chave vindo da terra de onde nada vira, é isso que eu vou provar!”, diz com orgulho.
Hoje, V’Motta carrega essa bagagem com a convicção de quem sabe que ainda há chão para avançar, especialmente vindo de um estado que, aos poucos, amplia seu lugar no mapa musical do país. Ele é parte dessa nova geração do RN que chega com estética própria, letras afiadas e um olhar orgânico sobre a vida.



















































