A Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam) de Mossoró/RN já instaurou cerca de 400 inquéritos policiais para investigar casos de violência contra mulheres no município só neste ano de 2022. A informação foi confirmada ao TCM Notícia pela Delegada titular da especializada, Cristiane Magalhães, na manhã desta quarta-feira (10).
“Este ano, a Delegacia da mulher de Mossoró já dispõe de quase 400 inquéritos policiais lavrados, e a maioria deles já concluídos e encaminhados para o judiciário”, informou Cristiane.
A Delegada falou sobre os dados ao relatar mais um caso atendido pela delegacia. Na tarde da terça-feira (9), um homem foi preso por importunação sexual. O crime aconteceu quando uma adolescente de 14 anos voltava da escola e foi abordada pelo homem que teria passado a mão nas partes íntimas da vítima.
Apensar dos casos registrados chamarem atenção, o número real de vítimas e casos pode ser muito maior. É o que explica, a professora Suamy Rafaely Soares, coordenadora do Núcleo de Estudos sobre a Mulher Simone de Beauvoir (NEM) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern).
De acordo com a pesquisadora, são muitos os fatores que fazem com que muitos casos não cheguem as delegacias especializadas: a falta de funcionamento dessas delegacias no fim de semana, as mulheres podem procurar outros atendimentos como CRAS, Centros de Referência e outras delegacias, e até a falta de notificação dos hospitais quando atendem casos de violência contras as mulheres.
“A gente tem dificuldade de construir uma rede fortalecida de políticas públicas no que diz respeito as mulheres. São vários elementos que constrói a subnotificação” explicou
Dados do Poder Judiciário do Estado do Rio Grande do Norte revelam que 165 medidas protetivas já foram concedidas neste ano de 2022 em Mossoró. Mesmo ainda no mês de agosto, o número já se aproxima dos registrados durante todo o ano de 2021.
“Temos dados de 2021, fornecidos pela Delegacia de Defesa e Atenção às Mulheres, com 210 ameaças, 05 tentativas de homicídio, 173 lesões, 09 estupros, 31 estupros de vulneráveis, 498 boletins de ocorrência e 313 medidas protetivas.”, detalhou a pesquisadora ao Portal da Uern.
Em todo Estado, o Tribunal de Justiça (TJRN) tem mais de 11 mil processos de violência contra mulher esperando julgamento.