Parentes de pacientes internados na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM) têm sido vítimas de tentativas de golpe. Os casos vieram à tona na tarde desta terça-feira (06).
Aos 99 anos, a avó de Gabriel Azevedo está internada desde o dia 23 de novembro tratando de uma infecção pulmonar no Hospital Tarcísio Maia. Como ela está na UTI e não pode receber visitas, todos os dias o serviço social entra em contato e os médicos passam o boletim da paciente. Na tarde de ontem, no entanto, Gabriel recebeu uma ligação de um número diferente, com um suposto médico de plantão informando que sua avó teria tido uma piora.
“Ao se apresentar, informou que estava ligando para falar sobre o quadro da paciente. O mesmo informou que haviam sido solicitados alguns exames no laboratório São Lucas e que nesses exames tinha sido constatada uma bactéria hospitalar na paciente (o mesmo informou o nome da bactéria, mas não lembro) e que estava em 16% do corpo, significando que estava em estágio inicial e que se administrassem umas medicações imediatamente, a minha vó teria muitas chances de se curar da bactéria”, contou Gabriel Azevedo para o TCM Notícia.
Na ligação, o suposto médico informou que o laboratório responsável pelos exames ficava localizado dentro do próprio Tarcísio Maia. De acordo com ele, a bactéria que a paciente teria era muito agressiva e não seria possível esperar o fornecimento da medicação pelo SUS, por isso, seria necessário que Gabriel pagasse o valor de R$ 950 para que o tratamento fosse iniciado com urgência.
“Mesmo imaginando que poderia ser um golpe, questionei o valor dos medicamentos e ele me informou que custava R$950,00 e que eles mandariam as informações de contato pelo Whatsapp. Desliguei o telefone e em seguida recebi uma ligação do próprio hospital para passar o boletim do dia, onde não havia nada sobre essa bactéria, o quadro estava estável, apenas com infecção pulmonar”, explica Gabriel Azevedo.
O HRTM tomou conhecimento do golpe ainda na tarde dessa terça, quando as famílias dos pacientes que sofreram a tentativa de golpe começaram a entrar em contato com a equipe, preocupadas com seus parentes. De acordo com as informações da direção repassadas para o TCM Notícia, foram cerca de quatro famílias vítimas da tentativa do golpe, mas pelo que se sabe, ninguém chegou a transferir o valor.
Além do número de telefone dos responsáveis, os golpistas tinham acesso ao nome completo e a data de nascimento dos pacientes. O contato era feito por ligação e também por mensagem no whatsapp, com um número do laboratório fictício. Em alguns casos eles chegaram a pedir R$ 1500, e negociaram até o valor ficar em R$ 500.
Ao saber do golpe, o Hospital emitiu um comunicado para os funcionários e familiares dos pacientes. De acordo com Gustavo Vital, diretor médico do Hospital, a prioridade foi orientar que informações sobre o estado de saúde dos pacientes só são repassadas pelo serviço social da unidade, e frisar que nenhum procedimento realizado em pessoas que estão internadas, sejam cirurgias, exames ou medicações, são pagas. Todo o atendimento do Hospital é gratuito garantido pelo SUS.
O HRTM também orientou às vítimas a procurar uma delegacia e registrar um Boletim de Ocorrência, que foi o que Gabriel Azevedo fez. Segundo Gustavo Vidal, os dados conseguidos pelos golpistas são restritos e só quem tem acesso são as equipes que trabalham com o sistema de regulação de leitos. O Hospital não sabe informar, no entanto, como esses dados foram adquiridos pelos golpistas.
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