Por Alexandre Fonseca
10 de agosto de 2023 | Rua Marechal Floriano | Paredões | Mossoró/RN
Tarde de uma quinta-feira, por volta das 16 horas. A equipe do policialesco “Ronda Policial” chega à cena do crime para reportar a morte de um homem. A vítima estava de bicicleta, invadiu uma casa na tentativa de fugir, porém, foi executado. Valterlan Vitor, como identificado pela polícia, tinha 22 anos e foi morto com um tiro na cabeça. Era o homicídio de número 57 de 2023.
14 de agosto de 2024 | Avenida Alberto Maranhão | Barrocas | Mossoró/RN
Um ano e quatro dias depois. Era encontrado na manhã da quarta-feira, o corpo de José Clerian da Silva, que tinha 37 anos e trabalhava como motorista por aplicativo. A perícia constatou pelo menos três perfurações na cabeça. Homicídio de número 63 de 2024.
Aumento de homicídios
Os dois homicídios listados nos parágrafos acima, seguem de parâmetro para um levantamento realizado pelo jornalismo TCM. Em um ano (08/2023 – 08/2024), Mossoró registrou um aumento de 7,94% no número de ocorrências violentas com armas de fogo e armas brancas, culminando na morte de todas as vítimas envolvidas. Uma diferença de 6 homicídios, na comparação do período.
Mossoró, que é a segunda maior cidade do Rio Grande do Norte, conhecida por suas riquezas culturais, pela atividade salineira e petróleo, já esteve figurando o topo da lista das cidades mais violentas do Brasil, em 2022, após divulgação de um relatório desenvolvido pela ONG mexicana, Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal. Um total de 168 homicídios. Em 2023, saiu do ranking das 50 cidades mais violentas do mundo.
Analisando o cenário que levaria ao aumento da violência aqui em Mossoró, o professor de sociologia e política da Uern, Vanderlei Lima, aponta alguns fatores. “Há uma vulnerabilidade dos jovens da periferia, que residem em espaços com uma dinâmica criminosa, seja da venda de drogas ou do surgimento e ampliação das facções. Dentro desses territórios, existe também a rivalidade de grupos, que impacta diretamente no crime contra a vida, no caso, o homicídio”, explica.
Violência no Rio Grande do Norte
Em julho de 2024, a Secretaria da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed), divulgou um registro de queda dos homicídios, 455 pessoas tiveram suas vidas ceifadas durante os primeiros seis meses de 2024, contra 529 ocorrências no mesmo período de 2023, 74 mortes a menos, uma redução equivalente a 14%. Em contrapartida, Mossoró contabilizou um crescimento de 5,26%. No primeiro semestre de 2023, 57 óbitos violentos estavam listados nas páginas policiais, já nos primeiros seis meses de 2024, 60 mortes computadas nos sistemas da polícia.
O professor acrescenta sua observação a respeito da diferença de dados entre o Rio Grande do Norte e Mossoró, enquanto o índice estadual reduz, o municipal aumenta. “Uma cidade do porte de Mossoró, à medida que vai crescendo, vai tendo mais espaço para a inserção de facções, o que culmina nesse fenômeno”, conclui.
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