A cidade de Mossoró registrou uma redução significativa da fecundidade adolescente, especialmente na faixa de 15 a 19 anos entre 2010 e 2022 (de 1.248 para 582, uma queda de cerca de 53%), possivelmente devido ao maior acesso à educação sexual, contraceptivos ou mudanças culturais. Foi o que apontou a pesquisa “Censo Demográfico: Fecundidade e Migração”, do Censo de 2022, divulgada nessa sexta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Considerando as 582 mulheres entrevistadas (0,75% do total), 134 tem entre 15 e 17 anos e 449 entre 18 e 19 anos de idade. A queda acentuada no número de mães adolescentes é um indicador positivo de políticas públicas voltadas para educação sexual, acesso a métodos contraceptivos e maior conscientização, embora o aumento no número de mães na faixa de 12 a 14 anos (de 23 para 42 em números absolutos e 0,05% do total) revele preocupação e debate sobre investigação e políticas públicas no Rio Grande do Norte e no País, pois além de trazer impacto social há ainda riscos de prematuridade, anemia, aborto espontâneo, eclampsia (elevação da pressão arterial da gestante), depressão pós-parto, entre outros.
A pesquisa apontou que em 2022 o Rio Grande do Norte teve a taxa de fecundidade total de 1,49 filho por mulher – abaixo da média regional de 1,60 e da média nacional de 1,55.
A idade média da fecundidade no RN também foi a maior de todo o Nordeste: 28,4 anos – em 2010, no Censo anterior, a média era de 26,7 anos no estado. Esse aumento também foi notado na média nacional, com o crescimento de 26,8 anos em 2010 para 28,1 anos em 2022.
O número total de mulheres com filhos nascidos vivos em Mossoró aumentou de 72.055 em 2010 para 77.208 em 2022 (crescimento de 7,15%). Os dados revelam ainda um aumento do nível de instrução, com destaque para o crescimento de mulheres com ensino superior completo, além de uma postergação da maternidade, com mais mulheres tendo filhos entre 30 e 39 anos na cidade.
Segundo o IBGE, o indicador da taxa de fecundidade é uma estimativa do número médio de filhos que uma mulher teria ao longo de vida reprodutiva, considerando as taxas de fecundidade específicas de cada idade.
A taxa de fecundidade, considerando o número absoluto de mulheres com filhos, subiu entre 2010 e 2022 em Mossoró. No entanto, esse aumento pode ser influenciado pelo crescimento populacional geral, e uma análise mais detalhada das taxas relativas (por exemplo, por grupo etário ou em proporção à população feminina) seria necessária para confirmar a tendência. Essa taxa pode ser inferida a partir do número total de mulheres que tiveram filhos nascidos vivos em cada período.
2010: 72.055 mulheres de 12 anos ou mais com filhos nascidos vivos.
2022: 77.208 mulheres de 12 anos ou mais com filhos nascidos vivos.
É possível observar aumento de 5.153 mulheres, o que representa um crescimento de aproximadamente 7,15% no número total de mulheres com filhos nascidos vivos. Houve também um aumento no número de mulheres com filhos nas faixas de 40 a 44 anos (6%) e nas idades acima de 50 anos (13%), o que reflete o envelhecimento da população e a acumulação de mulheres que já tiveram filhos ao longo do tempo.
Os números do Censo mostram também uma diminuição na proporção de mulheres com baixa escolaridade (sem instrução ou fundamental incompleto), caindo de 49,81% para 35,41% (redução de 14,4 pontos percentuais). A proporção de mulheres com ensino médio completo ou superior incompleto aumentou de 25,47% para 32,96% (aumento de 7,5 pontos percentuais). E a proporção de mulheres com ensino superior completo mais que dobrou, passando de 8,51% para 18,20% (aumento de 9,7 pontos percentuais).
O aumento significativo no nível de instrução (especialmente na proporção de mulheres com ensino superior completo) está correlacionado com a redução da fecundidade em idades mais jovens (20 a 29 anos) e o aumento em idades mais avançadas (30 a 39 anos). Isso sugere que mulheres com maior escolaridade estão adiando a maternidade, possivelmente para priorizar carreira ou estudos.
A proporção de mulheres brancas e pardas permaneceu relativamente estável, com pequenas variações (brancas caíram de 40,81% para 40,07%; pardas caíram de 50,49% para 50,05%).
O aumento no número de mulheres com filhos em faixas etárias mais avançadas (40 anos ou mais) demonstra ainda o envelhecimento da população de Mossoró, além da acumulação de mulheres que tiveram filhos ao longo da vida.
O crescimento na proporção de mulheres pretas e o leve aumento na proporção de indígenas podem indicar mudanças na composição racial da população ou maior autodeclaração nessas categorias.