Por Tárcio Araujo
Neste dia 7 de novembro é comemorado o Dia do Radialista. A data foi instituída por lei federal, sancionada em 2006, em alusão à memória do comunicador, músico e compositor, Ary Barroso. A homenagem lembra a importância do profissional e sua contribuição para a sociedade brasileira, fazendo um recorte dos primórdios do rádio no país quando foram inauguradas as primeiras transmissões em 1922.
Grandes nomes do rádio em nível nacional ajudaram a construir a história do veículo que foi por décadas o principal meio de comunicação do Brasil, responsável por transmitir música e cultura, além de ajudar a consolidar a identidade nacional.
Em Mossoró, o rádio aportou em 7 de setembro de 1950 com a inauguração da Rádio Difusora AM. Cinco anos depois em 1955 era inaugurada a Rádio Tapuyo. A década de 50 marca a chegada do veículo de massas na cidade de Santa Luzia.
Nessa primeira fase do rádio também emerge a primeira geração de radialistas mossoroenses: a exemplo de Genildo Miranda, o grande comunicador da fase dourada. ‘Radialista raiz’, ele exercia a função desde os anos 30 ainda como locutor da ‘Amplificadora Municipal’ – um serviço de som que havia na cidade antes da chegada do rádio em ondas.
O início da radiofonia em Mossoró se confunde diretamente com a figura do radialista ícone daquela época. Segundo os que vivenciaram aqueles tempos, “Genildo era o próprio rádio em pessoa”. Genildo Miranda pensou e atuou nos principais programas da primeira fase do rádio local como comunicador e diretor de programação da Rádio Difusora.
Certamente o programa ‘Vesperal das Moças’, no ar todos os sábados à tarde foi o maior sucesso de audiência dos anos 50 e 60, quando o radialista comandava um auditório no Cine Caiçara lotado e anunciava suas atrações musicais, shows de calouros e gincanas que faziam a alegria da juventude na época. Genildo Miranda faleceu em 1985 e até hoje é considerado por muitos o maior comunicador da história do rádio mossoroense.
A mulher no rádio
Ainda nos anos 50 emergiram duas vozes femininas que marcaram época. Mozarina Ciarlini, cantora do rádio e radioatriz que depois de Mossoró, passou por outras emissoras de Recife, Fortaleza e Rio de Janeiro. Foi na voz suave de Mozarina que foi ao ar o primeiro prefixo sonoro da Rádio Difusora AM. Ela permaneceu por alguns anos na emissora até seguir caminho para centros maiores e dar sequência a sua carreira artística.
Cleide Siqueira, a “voz doce do rádio”, foi a primeira locutora efetivada a comunicar músicas e notícias diariamente na condução do programa Mensagens Sonoras pelo rádio Difusora AM nesta primeira fase dos anos 50. Mulher talentosa e eclética foi escolhida para ser a primeira locutora da rádio por ter sido oradora da turma de formandos da escola Técnica de Contabilidade e Comércio quando se formou no início da década de cinquenta. Seguiu carreira no rádio por alguns anos até se casar e deixar as atividades para cuidar da família. Seu nome foi imortalizado como a primeira locutora da radiofonia mossoroense.
Ao longo desse percurso, outros nomes também deram valorosa contribuição para construir a história do rádio. Radialistas como Aldenor Nogueira, o primeiro comunicador popular no seu “Bazar da Alegria” animava as manhãs mossoroenses. Canindé Alves e Ivanilda Linhares, dupla de radialistas que conduzia com maestria a programação da Rádio Tapuyo. Uma relação que transpôs os estúdios da rádio e culminou com casamento e a formação de uma família.
Memória do rádio
Lembremos também a memória de Jorge Ivan, radialista de voz aveludada que parava a cidade com a crônica ‘Boa Noite pra Você’, embalada no BG musical de Moonlight Serenade do maestro Glenn Miller, sucesso da época.
São 73 anos de trajetória do rádio em Mossoró, nesse trajeto de quase oito décadas outros radialistas de relevo escreveram seus nomes nas páginas da história, a exemplo de José Maria Madri, Emery Costa, Coroné Pereira, Seu Mané, Jota Belmont e tantos outros.
O rádio atravessou gerações, enfrentou transformações e a figura do radialista segue proeminente na função de comunicar com as pessoas, levar simpatia e causar emoções ao público. A fim de manter viva a história dos profissionais do rádio em Mossoró será lançado o livro “Memórias do Rádio Mossoroense”, fruto de cinco anos anos de pesquisa do radialista e jornalista Tárcio Araujo. A previsão é de que a obra seja lançada no dia 7 de fevereiro do próximo ano, marcando a data que comemora o ‘Dia Mundial do Rádio’.
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