Minha filha e meu filho mais velhos moram fora do Brasil. Os vejo pessoalmente uma vez por ano quando cruzamos o Atlântico daqui pra lá ou de lá pra cá. Mas o amor não conhece distâncias, continentes ou os ponteiros do relógio. E assim, temos estado presentes nas vidas uns dos outros, ajudados também pela tecnologia.
Vrummmm. Chegou uma notificação.
– Oi, pai! Tudo bem? Está ocupado? Pode atender?
– Oi, filhão! Tudo bem. Pode ligar. Qual é a boa?
Perguntei já sabendo a resposta. É muito intrigante a sensibilidade que pais e mães desenvolvem. A percepção que antecede o verbo.
Atendi a chamada de vídeo com o coração cheio de felicidade. Do outro lado do mundo meu filho estampava na tela um sorriso genuíno. Um sorriso que parecia abraçar o universo inteiro e me alcançava mesmo a milhares de milhas.
Não há nada mais prazeroso para um pai que ver o sorriso de um filho. E estava ali, na palma da minha mão, a expressão mais autêntica do amor: meu filho e minha nora segurando o resultado positivo de um teste de gravidez.
É a vida chegando sem pedir licença, abrindo espaço no coração já inundado de alegria. A notícia que transforma o silêncio em lágrima, a lágrima em riso e o riso em gratidão. É a certeza de que o tempo não passa em vão. Ele cumpre ciclos, honra histórias e nos conduz, com delicadeza, a novos começos.
Eu que já sou pai de quatro, fui pai pela última vez há pouco mais de um ano… VOU SER AVÔ. E ao dizer isso, o peito se expande como quem aprende a amar de um jeito ainda maior. Há uma felicidade serena, uma emoção que não grita, mas transborda. Um coração profundamente grato por assistir a vida acontecendo diante dos meus olhos, mesmo através de uma tela.
Meu filho e minha nora agora geram uma vida. E eu, testemunha desse milagre cotidiano, compreendo que a existência é esse fio invisível que segue adiante, ligando gerações, afetos e esperanças. A vida segue. E segue bonita.
































































