A matemática do transporte público em Mossoró é mais complexa do que na maioria das grandes e médias cidades do país. A empresa ‘Cidade do Sol’ opera as linhas da cidade desde 2016 – e desde então convive com uma série de fatores complexos como características geográficas e hábitos da população. A pandemia de Covid desde 2020 – que fez o serviço parar completamente durante um período – foi apenas mais um desafio para manutenção do serviço.
Em maio de 2019, o sistema transportou no total, entre pagantes e usuários com gratuidade, 247.897 pessoas. No mesmo período de 2022, os ônibus registraram um movimento bem menor: 87.334 passageiros. A redução em três anos foi de 64%. É como se apenas um em cada três passageiros tivessem mantido o hábito de andar de ônibus.
Segundo a empresa, dos 87.334 passageiros de maio/2022 – 47% foram beneficiados pela gratuidade. Na prática, o sistema foi financiado diretamente por 46.287. A Prefeitura faz um repasse de R$ 65 mil por mês como forma de subsídio ao sistema público de transporte. Para ajudar na conta do final do mês, a Câmara de Vereadores de Mossoró aprovou a redução do imposto municipal ISS (Imposto sobre Serviço) para a empresa, mas esta medida ainda não entrou em vigor. Falta a sanção do prefeito para que o benefício seja aplicado.
A evolução do preço do diesel nestes três anos assusta. Em maio de 2019, o litro do diesel em Mossoró poderia ser encontrado entre R$ 3,67 e R$ 3,80. Hoje, o litro do mesmo combustível aqui na cidade não sai por menos que R$ 7,80, podendo chegar a R$ 7,89. Mesmo considerando os preços mais baixos a alta foi de 112,53%. O preço do combustível mais do que dobrou no período. O combustível é um dos maiores custos da operação de uma linha de ônibus.
Uma reunião nesta segunda-feira (20), entre representantes da empresa e da Prefeitura serviu de alerta para a situação considerada insustentável por parte da empresa. A passagem não é reajustada desde 2018 – continua R$ 3,30. E a empresa sabe que não adianta aumentar a passagem, isso poderia ser pior para a manutenção do sistema.
O crescimento da cidade para áreas muito distantes dificulta o equilíbrio financeiro. Mas o problema mais grave foi o aumento do custo dos derivados de petróleo: diesel, pneus e óleos. Isso pode ser somado aos aumentos com pessoal.
Para o professor da UFERSA, Eric Amaral, o caminho é o planejamento de médio e longo prazo. “Curitiba tinha o tamanho de Mossoró quando se planejou para tornar o que é hoje, foi em 1964, à época tinha 400 mil habitantes. Vai lá e copia Curitiba, evita os erros cometidos e aprimora o plano. É fácil, porém trabalhoso”.
A Prefeitura de Mossoró pretende analisar a possibilidade de aumentar o repasse de recursos para a empresa.