João vai ser o típico candidato a uma vaga no estado do Rio Grande do Norte. Homem, 50 anos, ensino superior completo, e não tem uma profissão muito bem definida. É branco e não tem deficiência nenhuma. João é um candidato fictício e genérico, mas que representa muito bem o perfil dos últimos candidatos aqui do estado.
Na matéria Especial Eleições de hoje conheça o perfil do candidato potiguar.
Homem
Aqui no Rio Grande do Norte nas duas últimas eleições gerais 67,94% dos candidatos foram homens. E por incrível que pareça a proporção é exatamente a mesma de 2014 e 2018 – nada mudou. Vale lembrar que vivemos num país onde as mulheres são maioria.
Você achou isso desproporcional? Então precisa saber que dos 72 eleitos em 2014 e 2018 – a proporção de homens e mulheres muda: pra pior. Entre os eleitos 85,9% são homens.
50 anos
A maioria dos candidatos, homens e mulheres, tem entre 50 a 54 anos (16%). É a faixa etária que mais teve candidatos: seguida de 35 a 39 anos, que tinham a mesma proporção dos candidatos de 45 a 49 anos. Os mais novos – entre 25 e 29 anos, representam apenas 3,6%. E em 2018 tivemos três candidatos entre 80 e 84 anos.
Branco
Num país de maioria negra e parda – nossos candidatos costumam ser brancos. Eles são praticamente seis em cada dez candidatos. Vale destacar que este dado é auto-declarativo – ou seja, os candidatos se declaram como de uma raça ou de outra. Os pretos e pardos – maioria no Censo do IBGE – somam juntos apenas quase 40%.
O absurdo aumenta quando são analisados apenas os eleitos. Os brancos são 80% dos eleitos dos últimos pleitos. Tivemos três candidatos eleitos que se declaram pretos em 2014 e 2018 juntos.
Ensino superior completo
Apesar de nem de longe representar a maioria dos brasileiros – os formados são praticamente a metade dos candidatos. A situação é a mesma desde 2014, pouca coisa mudou. Eles são 49,55%.
Quando dividimos homens de mulheres – as mulheres de nível superior são maioria – mas já numa proporção menor. Entre elas, 42% são formadas em universidades, e 36% tem nível médio completo. Entre os homens, estes números são: 52% de formação superior completa contra 26,87% de nível médio completo.
‘Ganha-Pão’
Se nada mudar, os potiguares devem escolher representantes que em sua maioria não tem uma profissão definida – 13% disseram ter uma profissão definida como ‘outra’. Entre os que declararam profissão, empresários e advogados juntos foram 13,26% dos nossos candidatos nos últimos pleitos.
Mas quando aplicamos um filtro para sabermos a profissão apenas dos eleitos ai a situação muda bem de figura. Trinta e um eleitos em 2014 e 2018 declararam como profissão “deputado”. Os advogados foram 9,86%, e os médicos 8,45% – seguido pelos empresários (7,04%).
As donas de casa são só 3,82% das nossas candidatas e candidatos, e nenhuma delas foi eleita.