Os últimos anos foram de verdadeira transformação nos hábitos dos brasileiros. Na área da saúde, muitos já estão acostumados com palavras como ‘variante’, ‘mutação’, ‘taxa de transmissibilidade’, que até bem pouco tempo não poderiam ser ditas sem um grande estranhamento.
Mas a pandemia acentuou a debandada da população das salas de vacina. No Rio Grande do Norte, os mais afetados com a baixa taxa de adesão as vacinas são justamente os mais vulneráveis: os bebês de zero a um ano.
A análise da série histórica entre 2017 e 2022 mostra que praticamente todas as vacinas estão longe das metas determinadas pelo Ministério da Saúde. No caso da vacina da BCG apenas em 2018 o estado atingiu a meta. Em 2022, a taxa da população até um ano é de 65,58%, a menor taxa dos últimos seis anos.
Quando analisada a vacina contra o Rotavírus a situação é ainda mais grave. Apenas quatro em cada 10 bebês estão imunizados este ano até agora. Entre 2017 e 2022, a maior taxa já alcançada pelo estado foi de 86% em 2018.
A situação se repete em praticamente todas as vacinas para este público. Hepatite A , Hepatite B, Meningococo C, Pneumocócica, Pentavalente, entre outras, nenhuma conseguiu chegar nem perto da meta, algumas estão abaixo dos 40% de cobertura vacinal.
Para a vacina contra a Poliomielite, onde a meta preconizada pelo Ministério da Saúde é de 95%, o Estado do Rio Grande do Norte não atingiu a meta em nenhum dos anos da análise. E este ano está com apenas 36,34% de cobertura – é como se dois em cada três bebês estivessem desprotegidos para uma doença que agora ameaça voltar. A erradicação da paralisia infantil só pode ser mantida com índices de vacinação de 95%.
Mas não são apenas os bebês que estão longe da sala de vacina, as mamães deles também. Na campanha da influenza deste ano, Mossoró e Assu vacinaram apenas 15% das puérperas. Aqui no estado a coisa desandou nos anos de 2018 e 2019, até ai as metas conseguiam ser atingidas, mas depois a situação saiu do controle.
Motivos
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde o discurso anti-vacina ficou muito forte no país depois de 2018. Para Kelly LIma, coordenadora de Vigilância em Saúde, uma das causas é sem dúvidas as ‘fake news’. O que inventaram sobre as vacinas assustou bastante a população, principalmente a infantil. “A não presença de doenças imunopreveníveis fez a população perder o medo delas, que foram inclusive erradicadas pelo processo de vacinação”.
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