Por Estela Vieira/estagiária
As redes sociais têm se tornado um palco global de tendências que impactam as
mais diversas áreas da vida cotidiana. Afinal, quem nunca desejou usar uma peça
de roupa que viralizou após ser exibida por uma influenciadora? Ou adotou um corte
de cabelo inspirado em uma estrela de Hollywood? Até mesmo receitas caseiras,
sugeridas por criadores de conteúdo, já se tornaram parte da rotina de muitas
pessoas.
É importante ressaltar que esse fenômeno não se restringe à moda ou à culinária.
Danças, maquiagens, penteados, músicas e uma infinidade de outras categorias são
exploradas diariamente no ambiente digital. Novas tendências surgem a cada
instante, enquanto outras caem no esquecimento – um ciclo que se repete no ritmo
frenético das redes sociais. E a área da saúde bucal não fica de fora dessa
dinâmica.
Segundo o Datareportal, em janeiro de 2024, 144 milhões de brasileiros – mais de
60% da população do país – eram usuários de redes sociais. Isso significa que a
maioria dos cidadãos está exposta, diariamente, a conteúdos que ditam o que é
considerado belo, desejável e moderno. E assim as redes sociais não apenas
influenciam hábitos, mas também moldam comportamentos e padrões de consumo –
incluindo os relacionados à odontologia.
Entre tendências e riscos
O impacto das redes no campo da saúde bucal merece atenção: enquanto novas
práticas e tratamentos ganham popularidade, questões éticas e profissionais entram
em pauta, trazendo à tona debates sobre os riscos e benefícios dessa exposição.
“Às vezes o paciente nem entende o que é que ele não gosta. Ele só chega no
consultório e diz: eu quero o sorriso igual ao dessa pessoa”, conta Dra. Helena
Beatriz, cirurgiã-dentista, em entrevista ao TCM Podcast.
Um exemplo disso é o uso de carvão ativado para clareamento dental, promovido
amplamente por vários famosos. A Dra. Helena alerta sobre os perigos dessa
prática: “Essas pastas têm substâncias abrasivas, semelhantes às usadas em
esfoliação de pele. O uso frequente pode causar desgaste no esmalte dentário,
resultando em sensibilidade.”
Educação e ética no mercado odontológico
Ao longo da entrevista, a profissional falou sobre diversos outros assuntos dentro do
tema. Ela ressaltou, por exemplo, a importância de uma pesquisa com base em
fontes confiáveis para que os dentistas possam se colocar diante das câmeras com
o propósito de educar a população sobre cuidados com os dentes e sobre os
próprios procedimentos odontológicos que estão em alta no mercado.
As redes sociais têm sido vitrines para novos profissionais que precisam se
consolidar em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, mas para a
cirurgiã-dentista, é preocupante pensar que alguns profissionais saem das
universidades em busca de agências de publicidade, ao invés de investirem em
especialização na área de interesse.
“Esses profissionais acabam saindo da graduação sem procurar uma
especialização, sem procurar um curso, ou fazem cursos de fim de semana, e
querem sair por aí aplicando facetas, porque é o que as pessoas querem”, pontua.
O futuro seria uma volta ao natural?
Apesar da grande procura por esses procedimentos atualmente, a profissional
acredita que, nos próximos anos, a nova tendência será a reversão dessas
intervenções. “Teve uma época que a micropigmentação era uma coisa que todo
mundo queria, em todo lugar fazia. Depois decidiram tirar, e a moda voltou a ser o
natural. E aí veio o silicone, que depois decidiram explantar… então eu acho que o
futuro da odontologia vai ser as consequências dessas facetas que estão sendo
colocadas, dentre outros procedimentos que são realizados”, analisa.
A entrevista completa com Dra. Helena Beatriz, cheia de insights e reflexões, está
disponível no TCM Podcast, acessível gratuitamente