Publicado na revista “Cadernos de Saúde Pública”, um estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV/EAESP) mostra que a doença renal crônica é diagnosticada, com frequência, em estágios avançados da doença na atenção primária à saúde, o que revela falhas no diagnóstico precoce. O mesmo estudo aponta também que a doença afeta aproximadamente 10% da população adulta de todo o planeta.
A pesquisa foi realiza com pacientes da Região Metropolitana de São Paulo, porém, profissionais da saúde apontam que a situação do diagnóstico precoce não é diferente no Rio Grande do Norte. “Os pacientes com doenças renais crônicos são sim diagnosticados já em estágios avançados da doença. Não é incomum, a gente atender no consultório pacientes que vem pela primeira vez ao especialista e já, infelizmente, está num estado tão avançado que tem que se submeter a hemodiálise de urgência”, explica Hévila Neri, Médica Nefrologista que atende em Mossoró/RN.
A doença renal crônica pode ser identificada através da associação de indicadores que apontam alterações nas funções dos rins, como pressão alta, inchaço no corpo e níveis elevados de gordura no sangue, além de exames de creatinina sérica e proteinúria. No estudo feito pelos pesquisadores, o rastreamento por meio da creatinina sérica não foi observado em cerca de 20% dos pacientes, e aproximadamente 40% deles não foram testados para proteinúria. Entre os pacientes com a doença, apenas 16,8% tinham registro desse diagnóstico no prontuário, o que indica que a doença pode não ter sido reconhecida na atenção básica à saúde.
Além desses, outros fatores podem dificultar o diagnóstico precoce. No Rio Grande do Norte, por exemplo, a Nefrologista Hévila Neri diz acreditar que um dos principais problemas está relacionado a um fator cultural, em que as pessoas têm pouco hábito de consultar o médico.
Os autores do estudo defendem que o resultado da pesquisa mostra dados que podem ajudar os gestores a desenvolver políticas públicas que melhorem a saúde e os cuidados para aqueles com alto risco de doença renal crônica. “O estudo foi importante para obtermos um cenário basal que norteie as intervenções para melhoria da qualidade”, afirmam.