Já comentei aqui outras vezes como tenho sido amigo do silêncio. Um silêncio contemplativo. Reflexivo. Regenerativo. Comedido. E por que não dizer, subversivo. Tenho exercitado bastante minha observação. Considero importante saber que nem tudo precisa da minha opinião. Até porque quase sempre não reúno conhecimento suficiente para opinar. Mas sobre minha observação mais recente gostaria de falar.
Ao final de cada expediente, tento me concentrar antes de entrar no ar no Jornal TCM, às 18h, de segunda a sexta no Canal TCMHD (olha o merchan). Fico relendo minhas “cabeças”, observando meus pares e com os ouvidos atentos a tudo ao meu redor. Meus ouvidos, aliás, não descansam muito. Gostaria de aprender a deixar o mundo no ‘mute’ por alguns segundos. Como acontece no fundo do mar. Mas isso é assunto pra outro dia.
Vou deixar de arrodeio e falar sobre o propósito da coluna de hoje. A singular capacidade de se importar com o outro. A especial virtude de compreender que o todo precisa muitas vezes de um gesto empático de nossa parte. Encanta-me essa generosidade nas pequenas coisas.
Nas minhas observações diárias, quase sempre capturo pelo vidro a saída de um de nossos colegas aqui no Grupo TCM. Um camarada gentil, atencioso e prestativo. Dedica seus conhecimentos às soluções da tecnologia da informação. Cumpre com esmero sua missão todos os dias. Trabalho com ele há pouco mais de um ano e até aqui só reúno predicados dessa figura simples e cordial.
Minha admiração subiu mais um degrau. Todos os dias, nosso companheiro (que tem uma motocicleta dessas grandonas, com um ronco ostensivo no cano escape) escolhe tirar, empurrando, seu veículo do estacionamento da empresa. Ele só aciona a ignição da robusta Kawasaki quando já está distante do prédio. Essa nunca foi uma exigência, mas ele sabe que o funcionamento do motor pode ser ouvido (mesmo que de leve) nos estúdios.
É um gesto altruísta de alguém que percebe que pode contribuir com o todo. São atitudes como essa que me fazem acreditar que podemos ser ainda maiores quando há um entendimento sobre respeitar e cooperar com o trabalho do outro, mesmo que o outro não esteja sabendo disso.
É um exemplo para mim e que nos meus momentos de observação me faz pensar sobre como eu posso colaborar com as pessoas que estão ao meu redor. No ambiente profissional, familiar, afetivo ou de lazer. Há muita gente tecnicamente muito capaz por aí. Pessoas extremamente preparadas. Mas quando a competência encontra a gentileza é uma combinação que vale ouro.